Olá, pessoal!
Vou
dar início a uma série de posts sobre os materiais que uso na minha
arte-final e algumas dicas sobre técnicas, conservação e até preços. É
um pouco do que fiz em eventos como Maratona Devir e Rio Comicon... com o
benefício de ter links!

Gostaria
de ser purista a ponto de dizer que só uso pincel e nanquim na minha
arte-final, mas não sou. Eu acabo usando, além dos pincéis, várias
canetas. A maioria delas simula pincel de alguma forma, e eu vou
diferenciar isso para vocês também.
Vou colocar nas explicações,
links de lojas virtuais onde pode-se encontrar esses materiais (alguns
deles, só importante mesmo. É uma pena, mas chegaremos lá em breve). Ou,
se for material de fácil acesso aqui, pelo menosp ara ver como ele se
parece.
Primeiramente, conceitos.
Arte-final é o nosso
termo para "inking". O "inker", ou arte-finalista, é o cara que cobre o
traço do desenhista com nanquim. Desenhista esse, que em Inglês é
chamado de "penciller", ou o cara que faz o lápis. Geralmente, nos
quadrinhos americanos, há uma equipe criativa, e nem sempre o penciller e
o inker são a mesma pessoa.
Certos artistas, como Jim Lee,
trabalham há anos com o mesmo arte-finalista, obtendo um resultado muito
melhor. A sintonia entre os dois profissionais tem que ser muito boa, e
precisa haver um respeito mútuo no estilo do traço.
Um bom
arte-finalista deve, além de preservar e reforçar o traço do desenhista,
colocar um pouco de si no trabalho. Poderia ser um processo meramente
mecânico, mas umbom arte-finalista consegue enriquecer mais ainda o
resultado final.
Eu praticamente nunca arte-finalizo desenhos de
outros artistas. Uma feliz exceção foi quando fiz o nanquim do desenho
do Wanderson de Souza, numa HQ da Nanquim Descartável que saiu na Café
Espacial #6.
Clicando aqui, você vê uma amostra das páginas.
Cada
artista escolhe seu material. Nem sempre o pincel e nanquim é a
combinação ideal. Existem canetas, bicos de pena, tablets e por aí vai.
Eu mesmo ando me aventurando em arte-final digital, usando o programa
Paint Tool SAI, e gosto muito do resultado. A primeira HQ da Pieces #3
foi arte-finalizada digitalmente
(veja aqui) e vários trabalhos de ilustração em 2010 foram feitos com o mesmo programa.
Arte-final
digital pode ser feita com vetores, brushes, bitmaps, enfim, várias
formas. Como não sou expert nisso, só indico o Paint Tool SAI mesmo. Ele
é ótimo para controle da pressão, a linha é sempre bem afiada
(diferente do Photoshop, onde o máximo que consigo é uma linha meio
esfumaçada que acaba mais grossa do que eu gostaria). Veja a comparação
abaixo.

Teste
no Paint Tool SAI, acima. Perceba que as linhas são muito mais afiadas,
e as bordas não parecem em nenhum momento esfumaçadas.

Teste
no Photoshop CS3. Vejam que a linha até começa bem fina, mas nunca
termina fina de verdade, a não ser que você mal enconste a caneta na
tablet. Olhando de perto, as bordas das linhas ficam um tanto borradas, e
por mais que não apareça tanto num desenho de longe, de perto fica
gritante.
No entanto, gosto é gosto, claro. Meu amigão
Eduardo Ferigato destrói na arte-final digital com o PS, e não curtiu o Pain Tool. No traço dele, realmente, o PS fica muito bom.
Como
eu disse, cada um ascolhe o material que mais lhe convém. Não quero que
pensem que os materiais que vou citar aqui são necessários para um bom
resultado. Tem gente que faz maravilhas com caneta BIC, e gente que se
mata com pincéis caros sem um bom resultado. O importante é saber usar e
cuidar do material, e saber quais resultados ele pode proporcionar. Não
espere de um bico de pena um resultado igual ao de uma caneta 0.3.
Experimentar novos materiais é essencial, e isso engloba não só arte-final, mas lápis, borrachas, papéis, softwares...
No
que diz respeito ao lápis, então, rola um certo menosprezo... Eu semrpe
usei o lápis 2B da Faber-Catell. Aquele de corpo verde escuro, com
filete dourado. Sempre me deu um resultado aceitável. Mas aí, com a
faculdade de Artes, achei por bem começar a testar lápis mais caros. O
grande problema, eu acho, é o PREÇO.
(aliás, abro um parêntese
aqui para comentar isso. Preço é uma preocupação constante na compra de
materiais artísticos. Infelizmente, quase tudo que é BOM é CARO. Você
pode, por exemplo, comprar tinta à óleo da Gato Preto e ter ótimos
resultados - eu usei na faculdade e nunca tive problemas - ou você pode
usar uma tinta da Windor & Newton. E ter resultados ainda melhores. E
duradouros.
Na hora de comprar material, se arrisque um pouco,
gaste um pouco mais, mas teste coisas novas. Não é frescura, não é
elitismo, não é propaganda. É fato. Um bom material sempre vai te
garantir um resultado superior, e confiuar no material é importante.)
Mas,
depois que eu percebi que comprando um lápis de 4 reais me trazia uma
experiência muito melhor que o lápis de 1 real, eu mudei meus conceitos.
Passei a preferir qualidade a preço baixo. E, no fundo, material sempre
sai meio caro. A gente esquece de colocar essas coisas no valor final
de um orçamento, por exemplo. Não se faz ilustração sem ter material.
Não se tem material se não comprar material. É simples, mongo, mas
verdade.
Enfim, sei que o assunto aqui é arte-final, mas quero
compartilhar meu material completo. De novo, não quero dizer aqui que
esse material É o top superfoda. É o material com o qual EU me sinto bem
e trabalho bem, e que dá um resultado que me agrada. Se algum dia eu
testar outro, e este novo me der resultados melhores, eu mudo na hora.
Bom, eu uso lápis da
Staedler, série Lumograph.
Uso o B, apesar de sempre ter usado o 2B da Faber. Essa gradação de
maciez do lápis varia de marca em marca, e às vezes, dentro da prórpia
marca.
Às vezes, uso lápis azul para fazer o esboço. Tenh uma
lapisiera 0.7 onde uso grafite Blue da Pentel. Mas, vez ou outra, uso
lápis de cor mesmo. Já testei Staedler, Koo-I-Noor, Faber, Prismacolor e
por aí vai. Já testei o lápis azul não-reprodutível Primacolor Copy-Not
(ele não sai no scanner nem xeroxes), mas achei muito duro e claro.
Minha obrracha favorita também é da
Staedler, a Mars Plastic. É uma borracha plástica, mas macia. Consegue tirar bem o traço sem machucar o papel.
Uso,
também, a popular Limpa-Tipos, ou cmo dizem por aí, kneaded eraser. A
marca varia, e importa sim. Costumo usar da Koh-I-Noor, mas quando não
tem, vou de Faber-Castell mesmo. O importante é ela ser macia, parecida
com uma massinha, e não dura e esfarelenta. Uso essa borracha pra
clarear o traço do lápis.
Quanto ao papel, uso da marca Canson.
Gosto do bloco "Desenho", que tem uma textura mais granulada, e tem uma
gramatura mais alta que o normal. Para aguadas e aquarelas, ele aguenta
bem. O ruim é, na arte-final, ele segurar um pouco o pincel, e pela sua
teztura, deformar um pouco as cerdas. Fiz a NÓS inteira nesse papel.
Mas, principalmente, uso o bloco de "Lay-Out", com gramatura 120. É
liso, então o pincel e as canetas deslizam melhor. Às vezes, uso o verso
do papel, que é mais liso ainda.
Novamente, testar papéis e
materiais para descobrir como você se sai melhor é a melhor escolha.
Pode começar com lápis barato e sulfite, mas eventualmente, seu trabalho
vai pedir mais qualidade e seriedade.
Bom, pessoal, por enquanto é só. No próximo post, falarei de canetas e brushpens. Aguardem!
Ah, e por favor, comentem, troquem ideias, mandem e-mails. É sempre legal ter feedback dessas coisas.